Quando entrei nesse mercado, eu era uma menininha de 14 anos buscando uma oportunidade de sobreviver nessa “selva de pedra”.
Comecei como animadora de festas e recreadora, ainda não existiam as chamadas casas de festas em todos os cantos; existiam apenas diversos salões de festas, cedendo somente os espaços e cada mamãe montava a festa do seu filho. Era o tempo de comprar nos grandes centros comerciais os baleiros e piruliteiros, os papéis de bala franjados, e as toalhas de papel crepom.
As festas dos mais abastados já contava com os recreadores, lembro que meus primeiros serviços foram cobrados em dólar. Dificilmente se encontravam muitos profissionais dessa área, as festas eram elaboradas pela Tia que enrolava as coxinhas, as primas chegavam um dia antes para enrolar os brigadeiros e quem tinha a sorte de ter uma avó habilidosa, ainda ganhava um bolo de raspa de côco ou coberto de frutas.
Essa viagem no tempo, me traz uma gostosa nostalgia, acredito que para o leitor com mais de 35 anos também!
Mas voltando para o mercado, nesse tempo ainda podíamos contar com as mães, tias, avós em casa cuidando dos afazeres e das habilidades na cozinha.
Com o tempo, as demandas de mulheres no mercado de trabalho também aumentaram, e algumas das tias habilidosas se tornaram festeiras profissionais.
Íamos ao jornal de domingo às páginas amarelas consultar profissionais confiáveis e de boa qualidade, preferencialmente com preço acessível ao bolso de cada um. Mas, por incrível que pareça em nosso país, festas sempre foram um prazer para quem vai e para quem realiza, é algo muito arraigado em nossa cultura, muitas economias eram e são feitas até hoje, para economizar dinheiro para realizar uma festa!
Quando o cliente encontrava o fornecedor, chamava ele em sua residência para visitar o “portfólio de fotos impressas”, e sentir a energia do fornecedor, olhar olho no olho, provar os quitutes e pedir os contatos de referência, percebo agora escrevendo esse artigo que as coisas mudaram de maneira significativa, a internet facilitou e muito essa negociação, era comum para um evento social, receber em torno de 20 fornecedores em casa, era o “rapaz do som”, a “moça do buffet”, “a menina da animação”…
De contra partida o mercado era um pouco mais limitado ao “quem indica”, desde sempre nos sentimos confortáveis, quando temos a opção de conhecer alguém que já contratou, o chamado “case de sucesso”, já nos conforta! Por longa data sobrevivemos por muito tempo com as indicações. A imagem que demorei 20 anos para construir, hoje um bom estrategista de marketing faz em 3 anos!
Aos poucos o mercado foi expandindo e em 2001 eu colocava por semana em torno de 12 animações nas festas infantis dos cariocas juntamente com a minha equipe.
A concorrência foi acirrando, lembro que um dos nossos concorrentes na época, que hoje é um grande player de sucesso o Animasom, sempre tivemos o mesmo estilo de trabalho realizando animação mais lúdica e educativa.
As decorações nesse tempo já eram feitas com painéis pintados a mão, já víamos e muitos lugares esculturas em tamanho natural e tínhamos uma diversidade de fornecedores muito maior que os 10 anos anteriores.
As “tias” já tinham se profissionalizado e muito.
Nostalgias à parte, os palhaço mais sem graça que pude ver e trabalhar junto, já devem estar bem velhinhos hoje jogando dama na praça, cheios de memórias boas para contarem. Lembro do mágico Almik, uma febre junto com seu ventríloquo Valdemar!
Numa das animações que fiz, chamei um ator para fazer o super homem, o rapaz faltou, e tive que chamar um recreador em cima da hora, ele era moreninho e bem magrinho, nem preciso contar que foi um fiasco, risadas altas e descrédito do personagem invadiram a festa, agradeci a Deus pelo senso de humor do meu cliente!
E para finalizar esse longo e delicioso passeio em minhas memórias, agradeço a Deus por ter feito muitas pessoas sorrirem pelos anos e também por ter servido quitudes deliciosos em cada festa que passei.
Quando encontrar um pouco mais de inspiração, volto à escreve um pouco mais sobre o tema, mas não esqueça de deixar seus comentários para me inspirar, nesse mergulho no túnel do tempo.
Festas sempre serão momentos de alegria e união e fico feliz em ter realizado milhares de festas felizes por onde passei! A vida passa rápido e agradeço por ter me permitido fazer tantas famílias feliz.