Comissão Permanente / Temporária

TIPO : DEBATE PÚBLICO

Da Comissão Especial instituída pela Resolução nº 1367/2017

REALIZADA EM 10/31/2017



Íntegra Debate Público :

DEBATE PÚBLICO REALIZADO EM 31 DE OUTUBRO DE 2017

(Protagonistas de valor – mulheres de lutas, inspirações e negócios)

Presidência do Sr. Vereador Cláudio Castro.

Às dezoito horas e quarenta e oito minutos, no Plenário Teotônio Villela, sob a Presidência do Sr. Vereador Cláudio Castro, tem início o Debate Público da Comissão Especial instituída pela Resolução nº 1367/2017, com a finalidade de promover estudos, debates, seminários, acerca do empreendedorismo no Município do Rio de Janeiro, especialmente quanto às iniciativas para a terceira idade, juventude, pessoa com deficiência e com necessidade de recolocação no mercado de trabalho, com o tema “Protagonistas de valor – mulheres de lutas, inspirações e negócios”.

O SR. PRESIDENTE (CLÁUDIO CASTRO) – Boa noite a todos e a todas. Nos termos do Precedente Regimental nº 43/2007, persistindo a falta de quórum para abrir os trabalhos, declaro que não haverá Audiência Pública convocada pela Comissão Especial instituída pela Resolução nº 1367/2017, com a finalidade de promover estudos, debates, seminários, acerca do empreendedorismo no Município do Rio de Janeiro, especialmente quanto às iniciativas para a terceira idade, juventude, pessoa com deficiência e com necessidade de recolocação no mercado de trabalho. No entanto, realizaremos, sob a minha Presidência, um Debate Público.

Declaro aberto o Debate Público com o tema “Protagonistas de valor – mulheres de lutas, inspirações e negócios”.

Solicito ao Cerimonial da Câmara Municipal do Rio de Janeiro que conduza à Mesa Diretora as personalidades que irão constituí-la.

(As personalidades são conduzidas ao recinto da Mesa)

O SR. PRESIDENTE (CLÁUDIO CASTRO) – A Mesa está assim constituída: Excelentíssimo Senhor Vereador Cláudio Castro, Presidente da Comissão; Excelentíssimo Senhor Vereador Zico Bacana, Relator; Senhora Subsecretária de Desenvolvimento, Trabalho e Inovação, Ana Karina Godoy; Senhora Presidente da Associação de Mulheres e Profissionais de Negócios (BPW-RJ), Patrícia Cáceres; Senhora Diretora da empresa Altas Ideias, empreendedora e palestrante do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Cristiane Goulart; e Senhora Marceli Jordão, empresária com formação em gestão de negócios.

Muito obrigado pela presença de todos. É uma alegria. Que possamos fazer este Debate Público hoje, no último dia do mês de outubro, que é conhecido por todos pelo Outubro Rosa, pela luta, pelo combate ao câncer de mama.

Agradeço também à Comissão Especial sobre empreendedorismo. Hoje, por meio deste Debate Público, nós damos continuidade aos trabalhos que estamos fazendo sobre o empreendedor, com a intenção de fazermos um Plano Municipal do Empreendedorismo, com o qual, nos próximos 10 anos, nós poderemos transformar a Cidade do Rio de Janeiro em uma Cidade empreendedora. Então, é uma alegria. Quero agradecer a todos e a todas por estarem aqui!

Recebemos mensagem de congratulações do Senhor Vereador Jones Moura.

Começaremos, então, pelas falas da nossa Mesa. Acho que 10 minutos é um tempo bem razoável. Nosso querido amigo Vereador Zico Bacana tem compromisso, então darei a palavra logo para ele, agradecendo muito a presença do Vereador e Relator da Comissão Especial sobre empreendedorismo. Agradeço ao nobre Vereador Zico Bacana.

O SR. VEREADOR ZICO BACANA – Obrigado. Excelentíssimo Vereador, Presidente, meu amigo Cláudio Castro. Parabenizo o Senhor, mais uma vez, por essa iniciativa beneficente, maravilhosa, por esse serviço que vem sendo prestado por vocês, principalmente mulheres. Também quero saudar a Senhora Subsecretária de Desenvolvimento, Trabalho e Inovação, Ana Karina Godoy; a Senhora Presidente da Associação de Mulheres e Profissionais de Negócios (BPW-RJ), Patrícia Cáceres; a Senhora Diretora da empresa Altas Ideias, empreendedora e palestrante do SEBRAE, Cristiane Goulart; a Senhora Marceli Jordão, empresária com formação em gestão de negócios. Boa noite a todas. Agradeço a presença de todas aqui presentes.

Fico muito feliz em estar aqui e dialogar com todas vocês sobre esse importante tema que é o empreendedorismo feminino. Empreendedorismo feminino pode ser considerado como qualquer ação empreendedora realizada especialmente por mulheres. Quando falamos em empreendedorismo, muitas vezes limitamos nosso pensamento às grandes empresas e projetos, mas é importante compreender que ele vai muito além disso, afinal, mais do que apenas ter o próprio negócio é lucrar com ele.

O empreendedorismo feminino empodera, dá mais espaço e visibilidade à mulher. Impacta positivamente as comunidades e oferece uma nova perspectiva para quem realmente precisa. A mulher que produz sabão com suas filhas para vender em seu bairro é uma empreendedora. Aquela que faz salgados e bolos por encomenda e é conhecida em toda a comunidade é uma empreendedora. A que tem uma lojinha de artesanato, faz bordados e pintura também.

Cada vez mais, mulheres têm se lançado como empreendedoras no País. O caminho do negócio próprio é umas das alternativas para aumentar o rendimento ou pode até mesmo se tornar a principal fonte de renda. No passado, a mulher empreendia apenas como forma de complemento da renda familiar. Hoje, as mulheres estão se perpetuando como empresárias de sucesso, sem espaço para o amadorismo. Nos últimos 14 anos, o número de empresárias subiu 34%, segundo o SEBRAE. Em 2014, o País tinha 7,9 milhões de empresárias.

Precisamos encorajar o empreendedorismo feminino. Precisamos, cada vez mais, empoderar as mulheres que, indiscutivelmente, têm um requisito que considero importantíssimo para o mundo corporativo: a versatilidade. Conhecer sobre o empreendedorismo feminino pode ser o primeiro passo para que mais mulheres se dediquem a essa atividade e transformem não só sua realidade, mas também a de muitas pessoas a seu redor.

Vejo o dia de hoje e o de ontem, as mais jovens que se encontram aqui e os amigos que se encontram presentes. Fico feliz de ter sido criado por uma família de boa índole. Não tive a oportunidade de ver os meus falecidos pais aqui, que Deus os tenha, mas com o tempo fui aprendendo a viver com cada amigo, com cada sentimento, com cada cultura e com cada ideologia.

Sempre pensei positivamente. No início de minha vida, queria ser um jogador de futebol. Infelizmente, não deu. Tenho o apelido de Zico, coloquei Bacana justamente para diferenciar do meu amigo, nobre Vereador Zico, desta Casa também. Meu pai era mecânico. Aprendi mecânica, que também é uma profissão e uma forma de empreender. Deus me deu forças para hoje estar aqui alavancando a minha gestão, a minha postura e o meu desenvolvimento como parlamentar, representando o povo da melhor forma.

Acredito que cada uma de vocês, mulheres que estão aqui, que são mães e filhas – há jovens aqui –, estão pleiteando um futuro bem melhor, maravilhoso. Com certeza, não se limitem em seus conhecimentos, no que vocês proporcionam para seus lares, para seus filhos, para seus esposos, para o seu império, porque todos nós almejamos melhorias e benefícios. Aquele que quer criar, que quer manter, que quer ter evolução não é aquele que quer passar alguém pra trás e, sim, aquele que quer melhorar de vida. Deposito em cada uma de vocês essa missão, porque acredito que todas são capacitadas. Parabenizo todos vocês que estão aqui e o nobre Vereador.

Uma boa noite a todos e obrigado!

(PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (CLÁUDIO CASTRO) – Com a palavra, a Senhora Subsecretária de Desenvolvimento, Trabalho e Inovação, Ana Karina Godoy.

A SRA. ANA KARINA GODOY – Boa noite.

Gostaria de agradecer ao Presidente, Excelentíssimo Senhor Vereador Cláudio Castro, pelo convite; ao Excelentíssimo Senhor Vereador Zico Bacana, por integrar a Mesa e por ter usado tão belas palavras sobre as mulheres; à Senhora Presidente da Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais, Patrícia Cáceres, que eu já conhecia antes, de um movimento de mulheres empresárias, e foi um grato prazer vê-la à Mesa. Parabéns. Ela realmente é uma expoente das mulheres empresárias. Agradeço também à Senhora Diretora da empresa Altas Ideias, empreendedora e palestrante do SEBRAE, Cristiane Goulart, que conheci aqui e já fiquei deslumbrada na antessala; e a Senhora Marceli Jordão, empresária com formação em Gestão de Negócios.

Estou aqui representando hoje a Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação, da Secretária Clarissa Garotinho. Essa Secretaria é uma fusão de três secretarias. A de Desenvolvimento Econômico, que tinha alguns projetos na área de empreendedorismo solidário, como o Rio Ecosol – e houve uma feira aqui na frente, houve um grande festival de economia solidária, composto, na sua maior parte, por mulheres que desenvolvem trabalhos solidários e dividem os sabores e dissabores da vida empresarial. É um primeiro passo para você entrar no mercado de trabalho. Eles são beneficiados pela Prefeitura, que não cobra TUAP (Taxa de Uso de Área Pública) para eles poderem trabalhar em feiras organizadas e eles têm que desenvolver o próprio produto. Então, primeiro, o desenvolvimento vem do desenvolvimento econômico solidário, do qual já temos uma vertente grande: a das mulheres.

O “emprego” é da Secretaria de Trabalho e Emprego, a nossa origem, cuja maior pedida é a parte de capacitação. Por isso, a Secretaria fez um lançamento ontem. Houve a aula magna para 800 alunos que foram cadastrados nos postos de trabalho, a partir dos 16 anos de idade, sem idade limite, para inclusão no sistema. Foi uma parceria com o sistema S, com o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), num primeiro momento, mas o próximo passo vai ser uma parceria com o SENAI CETIQT (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil), com cursos mais voltados para a área feminina, de produção têxtil, que tem uma “pegada mais de mulherzinha”, pode-se assim dizer; mas não, é a parte que a gente gosta.

Nesse primeiro momento, incrivelmente, mesmo para a área de produção, o SENAI, que estava oferecendo vagas para auxiliar de almoxarife, auxiliar de produção, auxiliar de gestão… Mais de 50% do pessoal que se apresentou para as vagas de emprego eram mulheres. Então, a gente já mostra que a força produtiva feminina está muito além de ser dona de casa. Hoje, ela está disputando mercado de verdade com os homens. E não só isso, as mulheres estão se capacitando mais hoje do que os homens. Então, a procura de mulheres para o programa Oficinas para o Emprego foi muito forte. O Prefeito anunciou que haverá 3.000 vagas no ano que vem para esse programa, e a gente vai ampliar o nosso convênio com o SENAI, SESC (Serviço Social do Comércio) e SENAI CETIQT.

Depois vem a “inovação”, que é a antiga Secretaria de Ciência e Tecnologia, que foi abrangida pela nossa Secretaria. E o piloto, o carro-chefe, são as naves do conhecimento. Antigamente as naves do conhecimento trabalhavam mais para difundir a cultura da internet, dar acesso à internet para as comunidades, mas hoje em dia, com aplicativo e celular, todo mundo tem acesso no celular. As pessoas ainda procuram a nave para acessar o wi-fi, mas a grande inovação nessa área das naves do conhecimento foi a vertente para o empreendedorismo e para os games, porque nós entendemos que os games, hoje, são um mercado de trabalho, disputam com o cinema. Hoje em dia, gira um dos maiores orçamentos mundiais; e o Brasil é o quarto maior consumidor mundial de games.

Assim, achamos que tem um nicho que não foi explorado no Brasil e que devemos fomentá-lo. Nas naves do conhecimento hoje, nós temos cursos de design de games, desde a parte de codificação até a parte de desenho à mão livre mesmo e transformá-lo para o computador. Um videogame não é só um videogame, ele não aparece ali do nada, alguém tem que fazer o roteiro da música, o roteiro da historinha, fazer a programação. Ele é a junção de vários tipos de profissionais.

Então, temos a parte de games, hoje, nas naves, além dos cursos que já serviam, como o curso da Cisco, que se fosse no valor de mercado, seria um curso caríssimo. Temos parceria com a Cisco e ela dá esse curso de graça, sem custo para a Prefeitura. Inclusive, em outubro a gente fez eventos do Outubro Rosa em todas as naves do conhecimento, visando atingir o público feminino que também demanda grande parte das nossas aulas. Não posso dizer com garantia de números, mas está beirando os 50%. As mulheres são muito ativas nas naves e também em levarem seus filhos para as naves do conhecimento. Então, hoje, elas têm voz ativa em casa e já levam os filhos para que eles estejam incluídos nessa nova era digital, que é a nova economia.

A Secretaria, por fim, tem o Projeto do Porto que vem para a Câmara. E o Projeto do Porto visa incrementar a região do Porto na área de tecnologia. Espero que isso também sirva para que novos empreendimentos, especialmente na área do empreendimento feminino, sejam parte da Cidade e que o Centro da Cidade seja menos masculinizado e mais feminilizado.

Muito obrigada. Parabenizo a todas as mulheres aqui presentes, agradeço o convite e estou aberta a perguntas ao final.

O SR. PRESIDENTE (CLÁUDIO CASTRO) – Muito obrigado, Subsecretária. Realmente, a mulher ainda tem uma função dupla, ela pode ser empreendedora e pode ser uma incentivadora de empreendedores. Então, a função da mulher e a possibilidade da mulher é muito maior mesmo, é um campo muito vasto para ser trabalhado. Muito obrigado mesmo.

Gente, quem quiser fazer uso da palavra já pode se inscrever ali com o pessoal do cerimonial. Coloca o nome ali que depois a gente vai abrir para que as pessoas façam uso da Tribuna.

Queria, então, convidar para fazer uso da palavra minha amiga, a queridíssima Presidente da Associação de Mulheres e Profissionais de Negócios, Patrícia Cáceres, fonoaudióloga, preparadora vocal e tantas outras coisas. Mulher multiuso. Patrícia Cáceres, por favor.

A SRA. PATRÍCIA CÁCERES – Uma honra, Excelentíssimo Vereador Cláudio Castro, que preside esta Comissão sobre empreendedorismo na Câmara e que tem esse trabalho missionário maravilhoso, em prol da juventude, da pessoa com deficiência e do empreendedorismo.

Ele fala que eu tenho multicapacidades lá na Band, com a coluna Sua Voz na Escuta, preparando os jornalistas de lá, como fonoaudióloga, professora de oratória e presidindo a BPW–RJ, mas eu sei de muitas multicapacidades dele também. Eu sei que ele canta muito bem. O Vereador tem uma voz abençoada. Ele canta e encanta por onde ele passa. E encanta a todos nós por seu trabalho e por toda essa força que ele passa, porque, além da inteligência como Vereador e profissional, a gente sabe da grande inteligência espiritual que ele tem.

Hoje, a gente está aqui num Debate Público. Isso é uma grande honra, por que esta fala de diálogo, de troca, que não é só um discurso único de quem está passando a sua experiência e o seu conhecimento, traz uma inteligência muito maior. Assim, a gente consegue fazer esta química, este caldeirão de ideias, angústias e, com certeza, sugestões que vocês trazem para a gente. Numa mesa tão poderosa como esta, trazendo o Vereador e Relator Zico Bacana, outro político aqui falando sobre o empreendedorismo com a gente; a Subsecretária de Desenvolvimento, Trabalho e Inovação, Ana Karina Godoy, que também é uma profissional, é uma advogada – eu a conheci como uma profissional liberal que também trabalha essas competências da mulher de negócios. Nós nos conhecemos num evento de networking, de rede da mulher, que é tão importante para o empreendedorismo.

A gente sabe que o empoderamento da mulher é crucial, não só para a reputação das instituições que desenvolvem essa ideia, não só para a sustentabilidade, que traz um equilíbrio para o nosso mundo, mas também para a economia global. Essa Subsecretaria sabe que, trazendo diversidade, equilibrando o papel da mulher na liderança das empresas e da mulher como empresária, aumenta a economia.

O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a OIT (Organização Internacional do Trabalho) nos dizem que equipararmos a presença da mulher na liderança, conseguimos, pelo menos, aumentar 3,3% da economia no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. A ONU Mulheres (Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres) está em ressonância contra esta falta de fomentar o empreendedorismo e o protagonismo da mulher. Tem essa missão e esse foco de, até 2030, conseguir essa meta de 50% de presença da mulher na liderança das empresas. Muitas empresas são signatárias disso, não só para reputação e sustentabilidade, mas porque sabem que é importante para a economia global.

A gente ainda tem, no Brasil, segundo as últimas pesquisas do IPEA, 24% de defasagem do salário da mulher. E quando essa mulher entra no mercado mais desamparada, nessa faixa de mais de 40 anos, essa defasagem econômica aumenta ainda mais. Então, essa preocupação é de todos nós. Assim como há algumas barreiras para o empoderamento da mulher, que podem vir das próprias mulheres que tenham essa resistência, de muitas matriarcas antigas. Vocês sabem que algumas matriarcas da minha família dizem: “Você tem de arrumar um emprego”.

Quando a gente fala em empreendedorismo entra essa crença, não é? “Você tem de arrumar emprego”. Como se a pessoa só tivesse um emprego e uma dignidade no trabalho e na sociedade se tivesse um emprego formal. E muitas vezes esse empreendedorismo, que é uma saída natural, por oportunidade e até por necessidade dessa mulher, não é tão reconhecido na sua própria família e nem por ela mesma.

A gente tem, no Brasil, um aumento do empreendedorismo de 2016 para cá. Até por essa classificação nova que se está fazendo, da qual eu gosto muito: empreendedores nascentes e iniciais. Sobre as empreendedoras nascentes, talvez a Cris Goulart, que é uma palestrante do SEBRAE, que fomenta o empreendedorismo, que tem a empresa Altas Ideias, que traz para a gente uma possibilidade de franquia da mulher, possa nos explicar melhor isso, porque parece que as nascentes têm até três meses de negócio, não é Cris? E os novos empreendedores têm até 42 meses recebendo pró-labore e funcionários pagos. Os que chegam ao empreendedorismo por oportunidade ainda é um número maior: cerca de 15 milhões no Brasil. E, por necessidade, neste momento em que a gente tem uma dificuldade, um desafio de emprego formal, chega a 11 milhões.

É uma discussão interessante, porque entram muitas crenças. Algumas pesquisas internacionais falam sobre essas nascentes e crescentes empreendedoras mulheres, no Brasil e no mundo. A gente sabe que 2% das empresas femininas geram lucro ou têm essa receita de mais de R$ 1 milhão por ano. Um dos motivos que se diz é que existe um investimento desigual por parte das instituições financeiras para as empresas femininas. Menos de 10% dessas empresas lideradas por mulheres receberiam investimento externo para fomentar o resultado desse empreendedorismo e dessas empresas.

Mas quais são as verdadeiras barreiras, as barreiras reais e emocionais da mulher empreendedora? São reflexões interessantes para o nosso debate. Considero que não é apenas o sistema que a gente pode responsabilizar, já que aqui a gente está numa Casa de poder e de política, florida por mulheres e com vários homens de rosa, até com gravata rosa. Contei mais de cinco, Vereador Cláudio Castro. É o dia da delicadeza da mulher. O que impede? Existem barreiras internas dela, da mulher.

Eu presido a ONG (Organização Não Governamental) BPW Rio, que é uma associação internacional, presente em mais de 100 países. É uma rede de mais de 40 mil mulheres no mundo. E a gente agora, junto com a ONU Mulheres, está fazendo uma pesquisa que chama de vieses inconscientes, ou seja, as crenças limitadoras da própria mulher; e não apenas do sistema. Se ela não tem muito investimento de instituições financeiras para fomentar o seu negócio, será que ela precisa desenvolver mais a sua autoconfiança? Será que ela precisa saber negociar melhor ou se comunicar melhor? A gente precisa ver isso, os nossos vieses inconscientes. E a gente tem essa pesquisa na BPW Rio de Janeiro, que presido.

A gente traz para a consciência e para uma aliança intercultural, junto com o Consulado Geral do Canadá. A Cônsul-Geral do Canadá, Evelyne Coulombe, deixou um abraço aqui. Ela está vibrando muito com esse evento. Já com a ONU Mulheres, a gente faz esse questionário para investigar essas crenças, para, a partir daí, continuar nesse treinamento, nesse desenvolvimento e fortalecer a mulher nessas competências, para ter essa firmeza. Porque a gente sabe que a cultura empreendedora precisa de dinamismo, constância e coragem. Constância porque, no empreendedorismo, o erro faz parte. Mas existe esse medo do fracasso. É necessária essa persistência do empreendedor.

Pesquisas mostram que 43% das mulheres têm medo. O principal motivo para achar que o negócio não dá certo e não continuar no negócio é o medo do fracasso. Mas os homens também têm medo, 34%, não é tão diferente assim. É por isso que acho interessante essa delicadeza, não essa batalha “a mulher é melhor do que o homem nisso porque tem o útero; o homem é melhor do que ela porque tem foco”. Considerei que o grande salto da ONU Mulheres foi quando, em 2014, ela trouxe esse slogan: “Eles por elas”. É isso que está acontecendo hoje aqui: ele – o Vereador Cláudio Castro – por nós. É esse diálogo, é essa cooperação. Nas empresas em que existe cooperação, esse medo do fracasso diminui mais, tanto em homens como em mulheres. É esse diálogo, essa paz, essa cooperação que é necessária.

O que os homens fazem pelas mulheres? Venho lá do interior do Rio Grande do Sul, de uma zona rural, e a minha mãe sempre deu apoio para o negócio do meu pai. Venho de uma família de políticos e de empreendedores. O meu pai era leiloeiro rural, e eu, com 19 anos, peguei o martelo para leiloar vacas, cavalos, uma profissão supermasculina. E eu vi a minha mãe fazendo aquela base de negócios, de networking, que é o seu negócio, Marceli Jordão, tão importante.

Mas agora é o momento de o homem fomentar. Se a gente precisa do investimento financeiro e de uma parceria de firmeza para essa constância, para essa coragem e para esse dinamismo do empreendedorismo, a gente precisa também desse apoio masculino. Eles já sabem que precisam da gente, da nossa alta capacidade, da nossa multicapacidade, diversificada. Sabem que precisam também da nossa constância, da nossa tenacidade, da nossa empatia para relacionamento. E, quando tudo isso se junta, a gente tem uma economia global fortalecida, porque a gente precisa disso.

Não é só o nosso País que está em crise. Desde que o mundo quebrou em 2008, está todo o mundo precisando de um fomento financeiro e de um sucesso financeiro. E, com certeza, a saída para isso é essa troca. O Presidente Barack Obama veio aqui e fez um discurso tão bonito!

Sei das dificuldades do Brasil, moral, financeira, mas sei que se a gente investe na juventude – que é o que o Vereador Cláudio Castro faz também – nas trocas multiculturais, internacionais e na diversidade, a gente tem o novo, porque a gente precisa disso. E a BPW Rio tem esse trabalho. Aqui no Rio, a gente está há mais de 20 anos no trabalho voluntário, fortalecendo essas mulheres. Nossa missão mudou este ano. Não é só agregar mulheres para seu empoderamento – é o que a gente está fazendo hoje aqui, Vereador Cláudio Castro. É agregar homens e mulheres para um equilíbrio, para uma equidade de gênero e para o empoderamento da mulher, o que é bom para todo mundo.

Já tem mais de um milhão de homens inscritos. A Emma Watson, atriz e embaixadora da ONU Mulheres, diz: “Eu quero que homens e meninos tenham uma ação real e verdadeira para que suas mulheres, mães, filhas e irmãs tenham um mundo mais equilibrado e que se sintam melhores para criar os novos cidadãos do mundo”.

Estou muito contente e emocionada por participar deste Debate e pela iniciativa do meu amigo Cláudio Castro, por todos vocês que fazem parte dessa equipe e por esta Mesa. Tenho certeza de que do nosso Debate, com essa consciência e com essa inteligência maior, com esse caldeirão de ideias que vêm de vocês, muitas ações e realizações alcançaremos a partir daqui, deste 31 de outubro – Outubro Rosa.

Muito obrigada.

O SR. PRESIDENTE (CLÁUDIO CASTRO) – Queria passar a palavra à Senhora diretora da empresa Altas Ideias, empreendedora e palestrante do SEBRAE, Cristiane Goulart.

A SRA. CRISTIANE GOULART – Boa tarde!

Muito difícil falar depois da Patrícia Cárceres. Muito difícil para mim, até porque ela também é minha professora de oratória. Eu já tenho uma admiração muito grande por ela e falar depois dela vai ser um pouco difícil, tanto quanto falar depois da Subsecretária. Ambas falam muito bem.

Agradeço ao Excelentíssimo Vereador Cláudio Castro – muito obrigada pelo convite – e também ao Excelentíssimo Vereador Zico Bacana. Muito obrigada.

Eu queria falar um pouquinho da minha história. Meu nome é Cristiane Goulart. Eu comecei a empreender por dificuldade. Eu não tive oportunidades. Na verdade, nasci numa comunidade pobre no Rio de Janeiro, filha de uma mãe adolescente, de 17 anos, e de pai desconhecido. Com 14 anos, eu tive que ir à luta e tive que trabalhar, porque não tinha muitas escolhas. Comecei a trabalhar com animação de festas. Aos 20 anos conheci meu esposo. Tivemos nossa primeira filha aos 21 anos. Aos 22 anos tivemos nosso segundo e último filho. Paramos em dois filhos e estamos juntos até hoje, 20 anos depois.

Nossa empresa veio numa transformação bem bacana. Hoje atua nas melhores e maiores empresas do Rio de Janeiro, atendendo ao mercado corporativo com alimentação – coffee-break, almoços, jantares. É isso o que a gente serve todos os dias.

Eu tive a oportunidade, em 2012, de participar do meu primeiro programa de capacitação de mulheres, um programa internacional que se chama 10.000 Mulheres. Esse programa foi subsidiado pelo Banco Goldman Sachs e implantado aqui no Rio de Janeiro pela Fundação Dom Cabral, que é uma das melhores escolas de executivos que nós temos na América Latina.

A partir desse programa, a minha vida foi mudando, minha visão, minha perspectiva. Eu percebi que eu era empreendedora, que eu sabia trabalhar, mas eu não sabia gerir o meu negócio. Então, uma das coisas que eu tenho aprendido é que o empreendedor que quer continuar crescendo precisa estudar, porque o mundo é muito dinâmico. Quem tem, aqui, mais de 40 anos, igual a mim? Gente, em 30 anos, o nosso mundo mudou muito, muito. De 50 anos para cá foram tantas as evoluções. A partir de agora, as coisas se tornam obsoletas em 24 horas.

Eu tive uma segunda oportunidade, quando fui a Londres com o SEBRAE, de trazer as boas práticas de Londres para multiplicar para a Rio 2016, para as Olimpíadas.

A terceira formação foi ano passado, 2016, em que foram duas mulheres, duas brasileiras, selecionadas para o Programa W50, do Banco Santander, que escolheu 46 mulheres ao redor do mundo. E eu tive a oportunidade de estudar na UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles), num programa também de mulheres de negócios ao redor do mundo. Essa é um pouco da minha história empreendedora.

Eu queria usar os meus cinco minutos que ainda tenho para falar de generosidade dentro do empreendedorismo. Sabe aqueles presentes que a vida dá? Sabe aquelas pessoas incríveis que Deus coloca no seu caminho? Eu tive muitas pessoas que me ajudaram na minha vida, muitas pessoas. Em delas foi uma diretora de escola. Na época, eu tinha duas Kombis. Uma quebrava segunda, quarta e sexta; outra quebrava terça, quinta e sábado. Elas me ajudaram muito, mas o que elas me deixaram de cabelo branco. Foi um momento de muita dificuldade.

Comecei zerada e decidi trabalhar em casa. Como eu não tive a presença da minha mãe, eu queria que os meus filhos tivessem a minha presença e eu decidi ser mãe; mesmo jovem, eu queria ser mãe. Eu decidi trabalhar em casa. Esse foi um dos motivos de eu ter criado uma franquia para mulheres trabalharem em casa, que se chama Coffee Break Delivery – para quem tiver interesse, eu posso explicar, depois, um pouco melhor.

Eu não tinha onde deixar meus filhos e fui bater na porta de uma escola. Eu fiz uma permuta, uma troca com essa pessoa – eu nem vou olhar para ela, senão eu vou chorar. Essa pessoa está aqui nesta sala. Essa mulher me ajudou durante seis anos da minha vida. Os meus filhos estudaram na escola dela. A permuta era que eu fizesse animação, teatrinho, buffet na escolinha dela. Só que, muitas vezes, a escola não tinha demanda. Mesmo assim, meus filhos continuavam estudando, sem eu pagar nada. Ela não deixou apenas um filho meu estudar de graça na escola dela; foram dois filhos meus. Ela já está chorando. Fátima, não chora. Meus dois filhos estudaram lá. Meus dois filhos foram muito bem tratados. Era uma das melhores escolas do bairro. Ela era a que cobrava o preço mais justo. E ela lutou muito, como empreendedora, para ficar de pé. Ela lutou muito. Abrir essa escola foi o sonho dela. E ela lutou por esse sonho até não aguentar mais.

Um dia, eu estava passando na porta da escola dela e parei, porque eu queria ir lá agradecer o que ela tinha feito por mim. O que eu estou citando aqui é sobre generosidade empreendedora. Ela nunca imaginaria estar sentada em um lugar que eu pudesse homenageá-la. Eu queria que a Fátima ficasse de pé. Não chora, Fátima. Eu falei que não ia chorar. Eu queria uma salva de palmas para a Fátima.

(Ouve-se uma salva de palmas)

A SRA. CRISTIANE GOULART – Essa mulher me ajudou no momento da minha vida em que eu mais precisei. Eu precisava mesmo. Eu não tinha como pagar escola para os meus filhos. A vida era muito dura, era muito difícil. Ela esteve do meu lado, sem nenhum interesse, muitas vezes sem me pedir nada em troca.

Bem, eu passei na escola dela para agradecer, o que eu estou fazendo aqui, hoje. Eu passei uma vez na porta da escola dela e falei: “Eu preciso agradecer a ela, porque as coisas mudaram, graças a Deus mudaram”. Mas nós temos que ser agradecidos às pessoas que fizeram a diferença na nossa vida. Eu estou tendo um privilégio absurdo de poder fazer isso em público, o que ela fez no privado, pois ninguém estava vendo, eu estou agradecendo a ela em público. Muito obrigada por você ter feito a diferença na minha vida. Muita obrigada, Fátima. É isso, gente, esse é um círculo virtuoso. Esse é o ciclo da vida. É o ciclo em que você semeia. A sua semeadura uma hora vem, não da maneira que você gostaria, mas da maneira que Deus quer te dar.

Então, o círculo virtuoso é ser melhor do que a entrega que, às vezes, você recebe, do que a injustiça que você recebe. Porque se a maldade do mundo te mudar, o mundo conseguiu te destruir. Mas se a maldade do outro te fizer ficar de pé e falar assim: “Puxa, essa pessoa foi má, mas tudo bem, eu vou me manter de pé porque a maldade dela não vai me contaminar, porque cada um só dá o que tem”.

Então, que a gente escolha como empreendedor de vida, como empreendedor que semeia. Que você seja um empreendedor na sua vida. Que você saia por aí fazendo igual à Fátima fez: semeando boas sementes. A vida vai se encarregar de lhe devolver essa árvore, conforme a semente que você plantou. Então, empreendedorismo é isso: é você multiplicar na vida das pessoas, é você fazer a diferença mesmo se aquela pessoa não puder de lhe dar nada em troca. Então, era o que eu queria falar na noite de hoje. Generosidade empreendedora: foi isso que eu tive a oportunidade, por meio da Fátima, de viver.

Muito obrigada.

(PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (CLÁUDIO CASTRO) – Eu queria passar a palavra a outra grande amiga, que me conhece há muitos e muitos anos – lógico que por eu ser velho, não por ela. Minha amiga querida Marceli Jordão, empresária, com formação em gestão de negócios. Boa noite, Marceli.

A SRA. MARCELI JORDÃO – Boa noite, Excelentíssimo Vereador. É bonito falar isso do meu amigo hoje. Estou muito honrada. Boa noite a todos vocês aqui presentes. Muito obrigada.

Eu quero agradecer também a essas mulheres empoderadas. A Cris falou que seria difícil falar depois da Patrícia, não é? Agora, depois dessa emoção toda, vocês imaginam como será difícil falar. Porque eu quero falar para vocês um pouquinho também de persistência e concluir com um pouco do que a Patrícia falou.

Assim a minha história começou: eu sou moradora, nasci e fui criada no Complexo do Alemão. Eu sou loira dos olhos verdes, mas não é porque eu sou alemã; nasci no Complexo do Alemão mesmo. Fui criada só pelo meu pai, dentro de uma comunidade, e com aquela coisa de ter que seguir aquela cultura da comunidade, que, às vezes, as pessoas acreditam que isso é uma máxima ou uma lei. Mas graças a Deus e graças a meu pai, que é a minha maior inspiração em empreendedorismo, eu segui um caminho diferente.

Meu pai é pintor letrista. Vocês se lembram dessa profissão? Ele é pintor letrista, pinta faixas, cartazes. Então, a minha maior inspiração foi o meu pai, porque ele nunca trabalhou de carteira assinada, ele sempre trabalhou para sustentar a mim e a minha irmã, dentro de uma comunidade, com o próprio trabalho. Graças a Deus!

Em 2010, eu estava trabalhando de carteira assinada e meu pai teve uma doença gravíssima, decorrente do diabetes, e perdeu um olho. Ele pintor… Eu pensei em como ele ia fazer para se sustentar e concluí que tinha chegado a hora de trabalhar com meu pai. Assim, assumi a empresa de comunicação visual com ele, só que entrando nessa seara de inovação. Fomos trilhando esse caminho.

Quando você começa a empreender, no Rio de Janeiro, no Brasil, posso dizer que nossa cultura não nos incentiva a ser empreendedores. Como a Patrícia falou, ela incentiva a ter carteira assinada, a fazer faculdade, às vezes até a fazer um concurso público. Quando você vai pela vereda do empreendedorismo para trabalhar junto com sua família — minha empresa é uma empresa familiar —, o que acontece com você? Você se vê perdida. Então, você procura as melhores referências. Nessa minha busca, conheci o SEBRAE, é claro, que hoje é uma das maiores referências no Rio de Janeiro e no Brasil. E fiz o curso Empretec naquela época. Você sai dali do Empretec achando que vai ser a maior empresária do mundo, mas continua com muitas dúvidas. Quando você vai para o campo de batalha é como a arte da guerra, ali que você vê se vai dar certo ou não.

Depois do Empretec, eu também fui gratificada com o projeto 10.000 Mulheres, do Banco Goldman Sachs, pela Fundação Dom Cabral. Como a Cris falou, entre 1.400 mulheres, nós fomos menos de 100 selecionadas em todo o Rio de Janeiro. Fizemos um curso gratuito maravilhoso. O Banco Goldman Sachs visualizou justamente nossa realidade.

Hoje, quando empreende, onde a mulher investe? Na família, na comunidade, na sua casa. É um perfil bem diferenciado de empreendedorismo. Os homens querem investir mais na empresa, em carros, em imóveis; e a mulher quer investir na comunidade, quer que o filho tenha uma escola melhor, quer ajudar na renda familiar.

Também, por meio dessa busca, hoje uma das melhores redes é a Rede Mulher Empreendedora, que tem quase 300 mil participantes. Por meio da Rede Mulher Empreendedora, nós temos muita capacitação e empoderamento feminino também. Lá, fizeram uma pesquisa, em 2016, que foi uma visão inédita do perfil da mulher empreendedora do Brasil.

Quero trazer isso para o cenário do Rio de Janeiro. Como nosso Excelentíssimo Vereador está criando essa linda Comissão, isso agora vem somar. Nos dados da Rede, elas traçaram o perfil de idade da mulher empreendedora, que hoje está em torno de 39 anos em diante. Quanto ao grau de instrução, às vezes, nós achamos que as mulheres empreendedoras só empreendem em casa, mas 79% das mulheres têm nível superior. Cerca de 55% têm filhos; 61% são casadas; e 44% são chefes das suas famílias. Olha que honra!

Um dado muito interessante: quando essas mulheres começam a empreender? Nessa pesquisa, foi constatado que 75% dessas mulheres têm a decisão de empreender depois de ter filho, porque justamente é aquela hora em que você quer ter mais tempo, quer aproveitar sua maternidade; é a forma de conseguir empreender e fazer essas duas coisas ao mesmo tempo. Aquela parte do sonho fica um pouquinho de lado. Você quer ter qualidade de vida, mas com o seu filho.

Segundo a pesquisa, hoje, as áreas de atuação das mulheres empreendedoras seriam 50% na área de serviços, 31% na área de comércio, 7% na área de indústria e 5% no terceiro setor. Então, hoje, as mulheres estão abrangendo todas as áreas do Rio de Janeiro.

Uma conclusão que a Rede Mulher Empreendedora tem nesse e-book, que é chamado “Quem são elas” – vocês podem buscá-lo na internet, está disponível no site da Rede Mulher Empreendedora, é gratuito –, é que as mulheres estão empreendendo mais, melhoraram a questão do networking. Só que elas precisam ainda da contribuição familiar e da divisão de tarefas, porque as mulheres hoje são multitarefa. E também, como a Patrícia falou, querem agregar acesso a crédito e a políticas públicas que incentivem o crescimento dos seus negócios. Isso é uma das maiores necessidades, hoje, no Rio de Janeiro. Aliás, não só no Rio, mas em todo o Brasil.

Agora eu quero contar para vocês um pouquinho de persistência. Nem tudo no empreendedorismo é sucesso. Eu comecei em 2010, como eu falei no início, com a doença do meu pai. Assumi com ele, para ajudá-lo a manter a casa. Então, foi assim: “Agora chegou a minha hora, eu vou empreender”. E nós fizemos essa empresa de comunicação visual. Nessa fase toda, você quer inovar e vem a primeira pancada que leva, o primeiro baque.

Eu tive um golpe financeiro de uma pessoa. Eu comprei uma máquina, uma plotter de impressão digital para fazer uma inovação dos serviços do meu pai, que eram pintados à mão. Pensei em dar qualidade de vida a ele, ter uma máquina para imprimir os seus serviços. E eu tive esse grato prazer. Hoje eu agradeço porque tudo é crescimento na nossa vida. Eu agradeço a essa pessoa que apareceu. E aconteceu por quê? Eu aprendi. Eu aprendi a não confiar da forma como eu confiava, mas eu cresci com isso, graças a Deus.

Simultaneamente, nós abrimos uma loja de lingerie, um atacado de lingerie lá no Complexo do Alemão. Eu sou uma empreendedora que começou o empreendedorismo na comunidade, naquela época do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e da pacificação. Foi tudo muito bom. Eu vivi aquilo. As políticas públicas chegaram, mas infelizmente não continuaram. E nessa época da loja, quando estava tudo crescendo, a loja de impressão digital também, eu fui acometida por endometriose, que é uma doença muito chata. Tive que parar com todos os serviços, tive que pensar: ou eu empreendo ou eu cuido da minha saúde e da minha vida. Mais uma vez eu tive que voltar atrás.

Em 2014, nós abrimos, eu e meu marido, meu sócio também na loja de lingerie, outra empresa de impressão digital. Foi aí que começou a crise no nosso Rio de Janeiro e no Brasil. E os insumos eram todos importados. No mínimo, chegou a 500% de preço. Então, foi: ou eu vendo, ou eu paro, ou eu vou ficar com a dívida para o resto da vida. Eu já tinha dívida da primeira máquina e uma dívida da segunda máquina. Mas vamos continuar, vamos em frente. Eu ainda sou empreendedora.

Chegamos agora, em 2017, com muita persistência, em busca de novos caminhos. Eu desisto? Eu sou empreendedora de verdade? Se eu quero continuar, eu preciso ser persistente. Preciso acreditar primeiro em mim, como mulher, como empreendedora. Então, fui em busca de empoderamento. Eu me empoderei mais. E dessa forma descobri o network marketing. E nós temos hoje uma franquia do Grupo Hinode.

Hoje eu falo para vocês, mulheres que estão nessa assembleia: não desistam! Não desistam! Eu estou no meu quarto negócio. E falo para vocês: se tiver que começar tudo de novo, eu vou começar.

Então, hoje eu sou empreendedora, eu sou mulher, eu sou esposa, eu sou muito, muito feliz empreendendo e sendo uma empresária. E gostaria que vocês acreditassem nessa história que é do fundo do meu coração.

Muito obrigada.

(PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (CLÁUDIO CASTRO) – Gostaria de registrar a presença e já passar a palavra para Excelentíssima Senhora Vereadora Marielle Franco, Presidente da Comissão de Defesa da Mulher desta Casa.

A SRA. VEREADORA MARIELLE FRANCO – Obrigada, Cláudio.

Boa noite a todas e a todos! Boa noite, Vereador Cláudio Castro, boa noite à Mesa. Eu estava lá em cima, mas eu ouvi uma parte das falas. O Vereador Zico Bacana fez o convite e nos convocou para o debate.

Acho que terminamos o Outubro Rosa e começamos um novembro negro, mas é fundamental terminarmos dezembro pensando a perspectiva do trabalho e do empreendedorismo, com foco nas questões das mulheres e no debate aprofundado do direito ao trabalho.

Na nossa perspectiva da Comissão de Defesa da Mulher, quero saudar a iniciativa e colocar a Comissão à disposição, não só da Mesa Diretora, mas também das Audiências do PPA (Plano Plurianual), que nós estamos conduzindo. No próximo dia 7, será a da Cultura. Na nossa organização, tem sempre esse foco de viabilizar alternativas para esse momento de cobertor curto, no qual a Prefeitura apresenta limitações. É fundamental fazermos intervenções e pensarmos alternativas, seja com quem já está empreendendo, como já foi colocado aqui, seja com as novas possibilidades, a partir da responsabilidade da gestão pública.

Eu também presido a Frente Parlamentar em Defesa da Economia Solidária no Município do Rio de Janeiro, que é um espaço onde as mulheres já estão na linha de frente, seja no debate da soberania alimentar, seja como artesã, seja na produção, seja nas novas formas de escoamento dessa própria produção. Não é à toa que elas pautaram o Prefeito no centro de referência para Campo Grande. Enfim, já tem um grande movimento para fortalecer essa produção que já existe.

O nosso papel aqui é estimular e fiscalizar o Executivo na execução dessas políticas, porque já tem muita gente fazendo. Eu vi algumas mulheres falando desse lugar das mulheres mães no home care. Outro dia fizemos um debate da maternidade real, de mulheres que amamentam e estão ali nas redes sociais divulgando os seus trabalhos. Mulheres que são cabeleireiras e trabalham toda a valorização da cultura negra, do empreendedorismo das mulheres no seu salão de beleza, ou como as Mulheres de Pedra na Zona Oeste.

Enfim, nós temos uma gama de intervenções e agora precisamos assumir, no papel de proponente das políticas de fiscalizador, como priorizar, pensando alternativas. Se tem crise econômica – e isso é um fato –, precisamos também ter novas formas e aprender com elas. As mulheres já estão dando a linha de orientação.

Então, quero saudar a iniciativa, colocar a Comissão de Defesa da Mulher à disposição. A mulher já está à frente do debate alternativo da economia. Quero agradecer ao Vereador Cláudio Castro e me colocar aqui à disposição. Eu vim saudar e acompanhar um pouquinho o evento.

Obrigada.

(PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (CLÁUDIO CASTRO) – Quero convidar, para fazer uso da nossa Tribuna, a Senhora Soraya Moreno, ex-Subsecretária de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, apresentadora da Rádio Catedral e minha chefe de gabinete, minha amiga querida.

A SRA. SORAYA MORENO – Boa noite a todos; boa noite, Vereadora! Falando para a senhora, eu contemplo todas da Mesa. E boa noite ao meu queridíssimo amigo, Vereador Cláudio Castro, Presidente desta Comissão.

Bom, eu vou falar do início. No principio, Deus criou o homem e parece que depois disso toda humanidade esqueceu que Deus criou a mulher também, com toda a sua magnitude e toda a sua benevolência. Deus sempre nos lembrou, mas a humanidade demorou para conhecer, ou melhor, para reverenciar a nossa superação, a nossa força, na delicadeza e muitas vezes também como uma leoa, sempre se adequando àquilo que é necessário.

A minha fala aqui é, primeiro, para agradecer. Agradecer ao nosso Vereador por hoje nos fazer protagonistas também dessa história. Porque eu vejo isso e compartilho muito com as minhas amigas de partido que estão aqui. Estamos aí nesse movimento forte das mulheres. Vejo que, muitas vezes, temos que cavar os nossos espaços. E, ao invés de chegarmos cansadas, derrotadas, chegamos com muito mais gás para fazer acontecer.

Então, a mulher, a cada dia, ocupa o espaço que lhe é devido. Ela não está sobrepujando ninguém. Ela não está tirando o espaço de ninguém. Ela só está validando o seu espaço. Por isso, quero agradecer imensamente por me sentir protagonista dessa história. Eu que, desde o começo do mandato, estou aqui com o Cláudio. Desde o começo, são muitas histórias – não é, Vereador? – que vivemos juntos?

Fico muito feliz por hoje poder ser e me sentir assim, tão protagonista, o que é fruto de um trabalho, de uma parceria, de um cuidado sem pieguismo. É o que costumo dizer: o cuidado sem pieguismo, por favor. Mas um cuidado, o cuidado de saber que precisamos ser olhadas. Mas se você não quiser enxergar, vamos nos mostrar do mesmo jeito.

Então, que vocês, mulheres, saiam daqui com esse sentimento, porque essa Comissão sobre empreendedorismo veio para fazer história. O nosso Vereador pretende criar junto conosco políticas públicas para os empreendedores. E não só para as mulheres, mas para o empreendedorismo de um modo geral. Muitos outros desdobramentos irão acontecer, com certeza.

Estou muito feliz, muito emocionada, porque fomos contempladas nesse processo. Fomos vistas como queremos ser vistas. Como nos vemos, na realidade. E também quero registrar que só em um momento desses, quando protagonizamos essa história, o momento desse Debate Público, quando o tema é mulher, que a emoção chega também, não é verdade?

Quando a nossa querida Cris falou, ela se esqueceu de contar um detalhe, Vereador. Ela não sabia que a Fátima ia estar aqui. Olha que incrível! Ela chegou à porta e levou um susto quando viu a Fátima aqui. E ela, com esse olhar doce, quis homenageá-la. Fátima, ela falava de você chorando lá dentro da Sala Inglesa. E vemos tantas histórias bonitas, como uma mulher que hoje saiu cedo de casa, em pleno aniversário de casamento, não é, Ana? E está aqui conosco a nossa Subsecretária, fazendo aniversário de casamento. Ela saiu mesmo assim de casa. Foi convocada hoje para estar conosco, devido à outra presença que não pôde estar aqui. Mas não se negou a protagonizar também essa história.

Enfim, quero agradecer imensamente porque tenho certeza de que muito mais seremos protagonistas de muitas histórias.

Muito obrigada!

O SR. PRESIDENTE (CLÁUDIO CASTRO) – Gostaria de convidar a Senhora Damaris Lisboa, Coordenadora Geral do PSC Mulher do Rio de Janeiro, para fazer uso da palavra.

A SRA. DAMARIS LISBOA – Quero, nesta oportunidade, cumprimentar a Mesa. Senhor Presidente, Vereador Cláudio Castro, é um prazer ter o senhor em nosso grupo, caminhando conosco.

Eu iria cumprimentar a todas as mulheres, em geral, mas eu queria cumprimentar a Mesa, que está tão linda, com tantas mulheres, com tantas experiências. Eu saí totalmente do que deveria fazer, porque eu vi tanto coração aí nesta Mesa. Eu assisti, Vereadora, a uma sessão sua aqui e fiquei ali da porta, de longe, olhando. Parabéns pelo seu trabalho. Parabéns a todas vocês, pelos seus trabalhos, porque eu estou babando pelas experiências profissionais e pessoais de cada uma. Queria cumprimentá-las pelo que vocês representam. Representam não só aqui, nem só lá na sua Secretaria ou na sua empresa, mas vocês representam no Rio, no Estado, no Brasil e no mundo, a todas as mulheres que estão aqui.

Quero cumprimentar a todas as mulheres e homens que nos acompanham nesta noite; ao meu marido, que está aqui comigo, jornalista, escritor e editor, Jefferson Magno Costa; ao advogado Laércio, que também está aqui, sempre ao nosso lado, onde quer que estejamos; às minhas amigas e companheiras do PSC, que estão sempre ao meu lado, onde eu estiver; e àquelas que ainda não têm condições de andar ao nosso lado, mas, de onde vocês estiverem, estarão torcendo pelo bem maior do grupo das mulheres.

Sinto-me honrada por estar nesta Tribuna em nome do PSC Mulher do Estado do Rio de Janeiro. Quero parabenizar o Vereador Cláudio Castro e toda a sua equipe pela organização deste Debate Público. De maneira exemplar, ele tem desempenhado as suas funções nesta Casa Legislativa com zelo e destreza, honrando, primeiramente, a Deus e também a nossa família PSC. Agradeço à Executiva Nacional do PSC, na pessoa do nosso presidente Pastor Everaldo; à Executiva Estadual, na pessoa do nosso presidente Carlos Montarroyos; ao vice-presidente, Deputado Estadual Márcio Pacheco; ao Secretário-Geral, Deputado Federal Filipe Pereira, que, de forma exemplar, tem apoiado e investido na capacitação e instrução da mulher, com ideal de prepará-las para enriquecer a política brasileira. Trabalhamos, no momento, na fomentação do seu empreendedorismo.

Aproveito esta oportunidade para convidar você, mulher, para fazer parte desta mudança política que nós queremos para o nosso Município, nosso Estado e nosso País. Quero lembrar que, onde quer que você esteja e o que quer que esteja fazendo, se você está pensando que vai dar errado, você já viu, aqui, experiências de que pode dar certo. Se você pensa que está pesado, não ande sozinha, ao seu lado haverá alguém querendo caminhar com você. Se você tem uma família que tem alguém que está um pouco parado, talvez precise apenas da sua mão estendida para que comece a lutar por alguma coisa.

Aos meus 14 anos de vida, no dia do meu aniversário, o meu pai me mostrou a porta da rua e disse que eu só voltasse se eu tivesse um emprego. Então, desde esse dia, eu me sustento. Desde esse dia, eu tive que conhecer o mercado de trabalho, como a sociedade vê a mulher e como a recebe. Eu tenho certeza que hoje, na época em que nós vivemos, 30 anos depois, tudo está melhor. Tudo está mais fácil.

Você pode estar perguntando: “Mas e a crise que vivemos?” A crise é aquele espinho que a águia coloca no ninho, para que você voe. Então, eu te convido nesta noite: abra as tuas asas e voe. O mundo é seu e você pode vencer. Você vai conseguir voar. Basta a coragem de pular do ninho e essa coragem está dentro de você. Coloque para fora, pule desse ninho e avance, você é uma vencedora!

Obrigada, Vereador.

(PALMAS)

A SRA. VEREADORA MARIELLE FRANCO – Queria agradecer as falas da Damaris e pedir desculpa, porque vou precisar me retirar. Fiz questão de vir, colocar o mandato à disposição e dizer que a gente está junta nessa pauta para acompanhar, fiscalizar a Casa, ocupar as tribunas. Acho que isso é o que diz muito. Mesmo que a gente tenha diferenças, mas tem pontos de congruência, e esse é o ponto importante quando a gente fala desse protagonismo de que Soraya falou.

Acho que nunca falei isso para você, mas queria registrar publicamente. Desde minha época de catequese – eu fui catequista, eu sou católica, e minha mãe é apaixonada por você. Já falei com Cláudio, quando a gente se encontra nas missas em praça, que é capaz de ela ir votar nele, pela orientação.

Fazemos hoje política de outra maneira. Com a responsabilidade pública, mesmo com as nossas diferenças, entendemos que ocupar a Câmara, acompanhar o trabalho, entender esse protagonismo que Soraya e que Damaris falaram, é fundamental.

Então, venham com as cores, com os “rosas”, ocupar esse Plenário e ocupar a política. No dia 30 de novembro, a gente vai fazer uma atividade na ABI (Associação Brasileira de Imprensa), pensando em mulheres na política. E acho que esse é o “boom” de 2018: a gente precisa pensar para ampliar os nossos horizontes.

Queria pedir desculpa por não poder ficar mais. Olha, a equipe já está ali, a gente ainda tem um evento, mas queria me colocar à disposição. Vou precisar sair, mas parabenizo o companheiro Cláudio Castro e seu trabalho aqui na Casa, na Mesa Diretora.

Obrigada e desculpa por sair, novamente.

(PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (CLÁUDIO CASTRO) – Muito obrigado, Vereadora. Obrigado por a senhora ter vindo, viu?

Queria convidar a Senhora Wagna Sousa, líder do Ministério Jovem da Renovação Carismática Católica.

A SRA. WAGNA SOUSA – Boa noite a todos.

Primeiramente, gostaria de dizer que é uma alegria estar aqui neste lugar. Jamais imaginaria que teria uma oportunidade de poder ter todas essas informações sobre mulher.

Meu nome é Wagna, tenho 22 anos, estou representando a juventude da Renovação Carismática Católica. Muito me emocionou quando você falou sobre generosidade. Deus foi muito fiel com a sua vida colocando a Dona Fátima na sua história. E louvado seja Deus pela sua vida também, Dona Fátima. Como seria diferente se muitas meninas jovens de comunidade tivessem conhecido uma Dona Fátima.

Tenho uma pergunta. Acredito que todas vocês podem responder. Qual seria uma fala, um posicionamento, para as jovens de comunidade que não têm uma oportunidade, que não têm conhecimento de uma Dona Fátima? Como elas conseguem ocupar o espaço e como elas podem ser uma sonhadora, conquistar não somente um espaço profissional, mas também acreditar que elas são capazes? Porque, olhando para a nossa realidade, nem todo mundo teve a oportunidade e a graça, como a sua, de ter uma Dona Fátima. E as jovens que não tiveram? Como elas podem ocupar o espaço de hoje?

O SR. PRESIDENTE (CLÁUDIO CASTRO) – Por favor.

A SRA. CRISTIANE GOULART – Sou eu que vou responder? Não saberia te responder isso, mas acho que um dos trabalhos que temos percebido, e está sendo desenvolvido, é uma das coisas que a Subsecretária Ana estava dizendo: dentro das naves, estão sendo implantados vários projetos, inclusive de empreendedorismo.

Então, eu sugeriria à Subsecretária Ana que tivéssemos a oportunidade também de dizer para esses jovens que eles podem. A nossa mente faz o nosso caminho e, às vezes, passamos a vida inteira ouvindo que não podemos, que não somos capazes, que não vamos conseguir. Às vezes, precisamos de alguém que fale que vamos conseguir. Às vezes, não conseguimos ouvir isso dentro de casa, mas conseguiremos ouvir dentro de uma escola ou igreja.

Então, que cada um faça o seu papel e que nossas igrejas, porque também sou cristã, façam o papel de dizer para os jovens que eles podem conquistar e a vida pode ser diferente. Que o nosso Poder Público também tenha essa oportunidade, não só de dizer, mas de gerar essa oportunidade e continuar fomentando e criando oportunidades para jovens como eu, que começam a trabalhar cedo, evoluírem e estudarem, mesmo que seja estudar sobre como empreender.

A SRA. ANA KARINA GODOY – Como membro da Prefeitura e parte da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação, se eu tivesse que falar hoje para uma jovem de comunidade onde tivesse uma Nave do Conhecimento, ia falar para ela acreditar, procurar a Nave do Conhecimento e gastar seu tempo bem. Em vez de achar que o garoto do baile é o mais legal, de ficar preocupada com o tênis da moda, vá aprender alguma coisa que vá servir para a sua vida. Por quê? Porque nada do que você aprende se perde. Tudo que você aprende ninguém lhe tira. É a única coisa que você não vai perder no resto da sua vida. Podem lhe tirar a casa, a roupa, os anéis do dedo, o sapato dos pés, mas o que você sabe ninguém tira.

Hoje em dia, o mercado que mais cresce não é o da formação e da graduação na faculdade, mas são os cursos técnicos. Não demos tanta importância aos cursos técnicos, ao longo de alguns anos, e se criou um déficit no mercado. Então, não precisa ir para uma escola tecnológica. Hoje em dia, tem vários cursos, seja na área de artes, seja na área de inovação, etc. A pessoa que está engajada em aprender um ofício vai aprender.

O que ia dizer para essa menina é: não pense em namorar, deixa para depois, vai estudar. Porque vai garantir o futuro dela. Se ela não garantir para aquele momento, ela vai garantir para logo ali. Tenha tranquilidade, porque o perrengue vai passar e um futuro bonito vai se abrir. Agora, nada impede que você construa seu futuro uma, duas, três, quatro ou cinco vezes. Eu mesma, como a Patrícia falou, sou advogada, tinha escritório, fui parar na Administração Pública, porque pedi, implorei para ter esse cargo. Ia ser escolhido um rapaz no meu lugar, como estava contando aqui para a Cris, e, quando vi que seria ele, falei: “Meu Deus, não vou passar pela crise. A crise me pegou, eu não vou passar pela crise, não adianta, sou uma boa profissional e não vou passar pela crise, preciso de uma coisa que seja certinho, para pagar as contas do mês”. E é o que todo mundo precisa.

Então, fui parar lá, estou adorando, é um trabalho que realmente vemos que, na ponta, mudamos a vida das pessoas, mas a pessoa tem que acreditar e querer mudar a vida dela. O primeiro passo é não perder a esperança, acreditar que você pode mudar. O segundo passo é: o que vou fazer, a cada dia, para mudar meu futuro? Então, acho que todo dia a gente tem a bênção de acordar e todo dia a gente tem que pensar: “Deus me deu mais um dia. O que é que vou fazer para, a cada dia, melhorar meu futuro e meu entorno?” É isso que teria para dizer para ela.

A SRA. WAGNA SOUSA – Obrigada.

A SRA. ANA KARINA GODOY – Por nada.

O SR. PRESIDENTE (CLÁUDIO CASTRO) – Nossa última inscrita, Aline Conde, professora da rede municipal do Rio de Janeiro.

A SRA. ALINE CONDE – Boa noite a todos. Obrigada, Vereador Cláudio Castro, pela oportunidade.

Na verdade, ainda não sou uma empreendedora, mas sou uma futura empreendedora. Comecei a trabalhar muito jovem, antes dos 18 anos, e tenho uma carreira já de 20 anos de escolas. Então, penso que, quando me aposentar, preciso empreender. Por enquanto, ainda tenho uma caminhada como professora, mas queria agradecer esse movimento aqui, um movimento que, quando eu era mais nova, não tinha, que a minha mãe também não viveu. Viveu uma vida de empregada, funcionária, era funcionária pública também, mas sempre teve a vontade de empreender e nunca teve o incentivo. Hoje vejo aqui as pessoas debatendo, discutindo, colocando em pauta um assunto que traz vida para uma vida que você vai levando.

Há um tempo, assisti a uma palestra com o Padre Zezinho e ele dizia, lá na PUC (Pontifícia Universidade Católica), que a gente precisa juntar os pontinhos, porque é juntando os pontinhos que a gente busca a felicidade. Esse ponto, posso empreender; o outro, posso sonhar; e outro, posso realmente idealizar e conquistar.

Apesar de não ter um negócio próprio, tenho o pensamento de que tão logo eu possa, vou contar com o apoio da minha Cidade, da minha área geográfica, para que eu tenha condições de empreender também.

Muito obrigada pela oportunidade.

O SR. PRESIDENTE (CLÁUDIO CASTRO) – Bom, gente, vou falar rapidamente.

Em primeiro lugar, listar algumas palavras que ouvi hoje aqui. Esse é, se não me engano, o quarto painel da Comissão sobre empreendedorismo. Já tivemos “Terceira Idade”, já tivemos “Jovens”, já tivemos “Pessoas com Deficiência” e, hoje, “Mulher”.

Desde já, queria agradecer muito a presença da Francisca Neide Benévolo, Coordenadora da Pastoral da Terceira Idade da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Obrigado, mais uma vez, por você estar acompanhando com a gente.

Sinceramente, não me lembro, Patrícia, de tanta emoção como estou vivendo no dia de hoje. Não me lembro de uma Mesa tão linda quanto esta, com vocês. Certamente, quem acompanhou todas as Audiências percebeu que hoje foi diferente. Hoje, realmente, há algo florido no ar.

Queria ler as palavras que fui pegando e anotando: “fazer a diferença”, “generosidade”, “persistência”, “superação”, “força”, “parceria entre homens e mulheres”, “emoção”, “guerreira”, “docilidade”, “companheirismo”, “emoção”, “esperança” e o grand finale – “aprender”. Acho que isso é um pouco da mulher. A mulher é tudo isso. A mulher é força e generosidade, é docilidade e garra, é superação, é querer aprender, é força de vontade. Sinceramente, acho que esse painel foi muito feliz para o nosso relatório final da Comissão.

Certamente, quem ouviu cada depoimento foi ouvindo um pouquinho de cada uma, foi ouvindo uma mulher Vereadora, que se intitula assim: negra, favelada, pobre e mulher. Essa é a minha querida Vereadora Marielle Franco. Muitas vezes pensamos tão diferente. Mas a admiro tanto pela garra, pela generosidade, pela maneira como defende seus ideais com unhas e dentes.

Também vejo homens casados, homens noivos, com os quais debatemos tanto e, quando falamos em fazer esse painel da mulher, quantos deles apoiaram essa possibilidade. Também vejo aqui as mulheres do meu partido, que têm tentado, através da política e, no nosso caso, de uma política cristã, fazer a diferença. Vejo uma Subsecretária com conhecimento tão bacana e, ao mesmo tempo, com uma fala doce e firme. Vejo uma empreendedora, mãe, mulher, que se emocionou. Vejo a minha amiga Marceli, que eu acho não ter falado nem um décimo das dificuldades por que passou – e eu conheço a sua vida bem, desde as decepções à superação.

Certamente, esse painel não nos ensinou apenas sobre o empreendedorismo da mulher, mas como o homem tem a aprender com a mulher. A mulher que é mãe ou que não é, que é esposa ou que não é, que é sonhadora, mas, principalmente, a mulher que não desiste. A mulher que está aqui para assumir um papel que é seu.

Ouvimos que a mulher veio depois não porque faltava alguma coisa a ela, mas porque a sociedade impôs um segundo plano que, hoje, acho já ter caído consideravelmente. Hoje, esse segundo plano, se não caiu totalmente na prática, se não caiu em todas as vitórias que ela tem, tem caído, certamente, porque vemos aqui mulheres empreendedoras e que fazem a diferença na sociedade. Muitos paradigmas ainda têm que ser quebrados, mas acredito que, se a sociedade é melhor hoje, é porque a mulher passou a tomar um lugar que é seu. Com uma dose de conhecimento e emoção, a mulher é multifacetada, a mulher tem isso, de conseguir fazer tudo ao mesmo tempo, de ter uma visão ampla sobre um problema ou uma situação.

Queria agradecer profundamente a vocês por estarem aqui. Esta Comissão não é a mesma depois de hoje. Estou muito emocionado, é muito difícil falar depois desse turbilhão de emoções que passamos aqui. Esse relatório será melhor porque resolvemos, algum dia, ao longo dessa trajetória, fazer um painel sobre as mulheres. Quero agradecer a cada uma e a cada um que estiveram aqui hoje e dizer que, sinceramente, acredito na parceria entre homens e mulheres – eu acredito demais nisto.

Acho que o homem é um pedaço sem a mulher; e a mulher é um pedaço sem o homem. E não estamos falando de casamento, nem nada disto; estamos falando da parceria, em não se preocupar se é homem ou mulher, mas de estarem todos juntos em uma caminhada. Daqui por diante, teremos uma sociedade melhor, mais justa e mais igualitária. Muito obrigado a cada um que veio aqui.

Eu tenho tentado, nesse pouco tempo de mandato, incentivar muito e, por isso, Soraya, tenho muita honra e alegria por ter você como minha chefe de gabinete, por eu ter, no principal cargo do meu gabinete, uma mulher. A Inês, que tanto luta pelo PSC Mulher, fica dizendo que está fazendo reunião e eu digo: “Façam mesmo, usem este espaço. Esta Casa e esta Comissão são de vocês”.

Sendo assim, dou por encerrado o nosso Debate Público, mas com a certeza de que não sairemos daqui da mesma forma que entramos.

Muito obrigado a todos.

(Encerra-se o Debate Público às 20h16)

RELAÇÃO DOS PRESENTES

Rosenei da Silva;
José Francisco Filho;
Patrícia Teixeira;
Soledady Aparecida Oliveira;
Gisele Silva Farinhas; Paula Oliveira;
Cristiane Goulart de Souza.